Em virtude de novos casos de leishmaniose e identificação de área com elevado risco de transmissão, em julho terá início na cidade uma grande mobilização para o controle do vetor da doença, popularmente conhecido como “mosquito palha”. A ação acontecerá nos bairros Jânio Quadros, JK, Alcides Matiuzzi e Aniz Badra, na zona norte da cidade.
A iniciativa é liderada pelas secretarias municipais de Saúde (Vigilância Epidemiológica e Divisão de Zoonoses) e Meio Ambiente e Limpeza Pública. Além da sequência do inquérito canino na região, também será realizada castração de cães saudáveis e recolhidos materiais orgânicos como galhos, folhas secas, restos de madeira, frutas apodrecidas, fezes de animais e outros rejeitos em decomposição.
É importante que os moradores deixem os resíduos em frente as casas, nas datas que serão amplamente divulgadas. No mesmo período, os veterinários, supervisores de saúde e agentes de controle de endemias intensificarão o inquérito canino para identificar animais com leishmaniose. Licitação será aberta para contratar serviços visando as castrações, para controle da população de animais da região de maior risco.
A cidade apresenta casos da doença em humanos desde 2011, quando foi confirmada uma notificação de leishmaniose visceral na zona norte. Em 2014 foram outras duas ocorrências e em 2015 mais uma. Em 2016 o número disparou: foram dez casos.
Sem ações específicas de controle nos últimos três anos, o avanço da doença prosseguiu. Em janeiro deste ano, quando assumiu a pasta, a secretária municipal de Saúde, Kátia Ferraz Santana, alertou sobre os riscos e articulou a formação de um Grupo Técnico específico para acompanhar a doença e definir ações.
Nos últimos seis meses, já foram confirmados nove notificações positivas da doença em Marília, todos na mesma região. Não houve registro de mortes pela doença na cidade.
Kátia lembrou que o combate ao mosquito palha passa pelo asseio ambiental e agradeceu a adesão do secretário de Meio Ambiente e Limpeza Pública, Ricardo Mustafá.
“Marília enfrenta uma doença grave e de difícil controle. Os municípios onde a leishmaniose já chegou não podem reduzir a vigilância. A limpeza não garante que não teremos novos casos, mas esperamos reduzir significativamente os riscos à população”, disse Kátia.
A LEISHMANIOSE
Alessandra Arrigoni, supervisora da Vigilância Epidemiológica, explica que, diferentemente das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti, a leishmaniose contamina o homem através da picada de um inseto que não depende de água parada para reprodução, mas de material orgânico.
Folhas, galhos secos, fezes de animais, fartamente encontrado em muitos quintais, são ambientes propícios para a reprodução do “mosquito palha”. Locais com chiqueiros e galinheiros potencializam o aumento deste inseto, que costuma picar animais domésticos para se alimentar.
É dessa forma que o cão pode torna-se hospedeiro do parasita e desenvolve a doença, participando do ciclo para a contaminação de outros mosquitos e de seres humanos.
“Acreditamos que o controle da leishmaniose será mais eficaz se fizermos, ao mesmo tempo, a remoção dos materiais orgânicos para reduzir o vetor e também o diagnóstico e a retirada do hospedeiro. Durante essa mobilização, essa é a proposta”, explica Alessandra.
Durante os próximos quatro meses, em cada mês serão 15 dias de coleta intensiva de material (em frente as casas), com orientações de agentes de saúde e de endemias, seguidos de mais uma quinzena de inquérito canino e ações de controle da Divisão de Zoonoses.