A Prefeitura de Marília, em parceria com a equipe de trânsito da Emdurb (Empresa Municipal de Mobilidade Urbana), tem priorizado os pedestres no sistema de semáforos da cidade.
Segundo dados da Emdurb, até 2016 a cidade só tinha três semáforos para pedestres em cruzamentos (apenas no centro). Agora já são nove conjuntos semafóricos com esse recurso, incluindo os bairros Nova Marília (zona sul) e Santa Antonieta (zona norte).
Em três anos Marília reduziu em 64% o número de mortes em acidente de trânsito no perímetro urbano. O número caiu de 28 em 2015 para dez vítimas no ano passado. Entre os principais fatores para essa redução está a reestruturação do sistema de semáforos.
Mais amplo e moderno, o sistema adotado pela Emdurb tem com o foco o pedestre, além dos investimentos na pintura de faixas e demais sinalizações de trânsito.
Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), o aposentado João Cruz de Campos, 68, passou a ter dificuldade para caminhar. Ele usa uma bengala e caminha lentamente. Para o idoso é um alívio ver sinalizado o cruzamento da rua 9 de Julho com a Tancredo Neves.
“Quem tem carro e não anda a pé no centro talvez não entenda. Mas pra gente que precisa caminhar bastante pelo centro, faz muita diferença ter um semáforo com tempo para o pedestre. Ouvi gente reclamando na rádio, mas não concordo”, disse o aposentado.
A assistente social Jacinta Alexandre da Silva, 61 anos, também percebe a redução de seus reflexos. Ela conta que teve diagnóstico de Mal de Parkinson e passou a se preocupar mais com a mobilidade.
“Acho muito importante ter semáforo para pedestre porque esse cruzamento é muito movimentado”, opina. Por dia, o terminal movimenta cerca de 40 mil pessoas. Grande parte delas, caminha pelo centro e já observou a melhoria da segurança.
O presidente da Emdurb, Dr. Valdeci Fogaça, explica que a perspectiva do pedestre passou a ser valorizada. “Esse ponto da Tancredo com a 9 de Julho, por exemplo, ilustra bem a nova lógica. Criamos um ‘corredor’ seguro para a pessoa que está a pé e sai do terminal, caminhando em direção à avenida Sampaio Vidal”, disse.
ESTUDANTES
Além dos idosos, os estudantes também estão entre os mais vulneráveis no trânsito pela frequente condição de pedestre. Por isso, a direção da Etec “Antônio Devisate” – Escola Técnica Estadual, localizada na avenida Castro Alves, reivindicava há quatro anos um conjunto semafórico.
O diretor da instituição, Benedito Goffredo, conta que a melhoria é considerável. “Nossa preocupação é com a segurança. Os veículos passavam nesse trecho da avenida em alta velocidade e os alunos ficavam parados, esperando para atravessar. Alguns se arriscavam, correndo, numa situação terrivelmente perigosa”, disse o gestor.
Somados os estudantes da Fatec (Faculdade de Tecnologia) e da escola técnica, cerca de 800 alunos utilizam o prédio. O engenheiro de trânsito da Emdurb, Rogério Antônio Alves, lembra também da existência das secretarias municipais da Saúde e da Educação, além da Polícia Civil, no mesmo quarteirão, o que elevou significativamente o trânsito de pedestres naquela região nos últimos anos.
BAIRROS
Além da região central, a Prefeitura também ampliou a atenção com os bairros da cidade. O barbeiro José Roberto Reinó da Silva, de 30 anos, conta que já cansou se presenciar atropelamentos e acidentes no cruzamento entre as ruas Dr. Manhães e Carlos Vilalva, no Parque São Jorge, zona sul da cidade.
A região é cercada de escolas, incluindo o Sesi, além de muitos moradores idosos. “A gente tinha que ajudar várias vezes pessoas de idade e deficientes a atravessar a rua, porque era muito complicado. Com o semáforo melhorou muito. Quem usa carro, em algum momento também é pedestre, então precisa se colocar no lugar do outro”, defende.